1.9.10

à gosto

era tão tarde e estava tão cansada. os dias passaram correndo e, mesmo assim, pôde senti-los a cada pedaço. toda manhã o sol entrava pela janela sem pedir licença e já era hora de acordar. o almoço apressado, os ônibus lotados, a correria alheia tão sua. de casa pro trabalho. do trabalho pra casa. nesse ínterim, só fazia observar. o casal atravessando a rua, o céu mudando de cor, o lixo voando da janela do carro ao lado, a sirene do colégio tocando - amanhã de novo e de novo e de novo. e só observava. e só andava. e só era a sua melhor companhia. esses dias lentos, crus, iguais - mas tão próprios - que não queria outra coisa senão o amanhã - de novo.




"escuto a correria da cidade, que arde, e apressa o dia de amanhã"

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