25.7.11

fim de tarde

entre o balanço da rede
(você)
e o balanço do coração

22.7.11

é difícil fugir sozinha

hoje eu me mudo. deixo pra trás todos os planos que construímos na nossa (sua) casa. tivemos bons momentos, eu sei. da mudança pra cá até as férias de julho eu estava certa de que nos éramos certos um pro outro. até a sua mania de não escovar os dentes antes de tomar café da manhã me parecia atraente. depois a coisa desandou, como é de costume. e por essas e por outras, acredito cada vez menos no amor. quer dizer, estou mentindo. acredito tanto que inventei esse discurso cético pra pode me livrar desse aperto que sinto no peito. a gente se perdeu, depois de tantas noites de sono perdidas confabulando sonhos. agora cada um vai pro seu lado, a cama fica comigo, o criado-mudo com você. pode ficar com nosso disco preferido dos mutantes, ele me lembra você e eu não quero. simples assim. mentira de novo. nada simples, muito menos de se entender. aí as pessoas perguntarão: “e o coração?”. o coração vai bem, obrigada. terceira mentira. o coração vai estar acabado, pisado, rasgado, mas eu vou mentir pra me sair melhor, até o dia que esse aperto irá passar. e chega de pensar no que virá. a gente se abraça. a gente tinha tanta vontade de fugir daqui um dia. pra qualquer canto que tivesse starbucks. que tivesse as quatro estações bem definidas. que ninguém fosse dono de ninguém, só a gente mesmo, donos de nós dois. agora a gente se abraça outra vez e se despede. o sonho acaba aqui. abro a porta e não consigo não chorar.

você já sabe: eu não sei fugir sozinha.


(publicado aqui)

20.7.11

sobre a amizade

ai de mim se não fosse ela
que de tão firme
deixa essa vida dura mais mole

18.7.11

tempo,

tempo, tempo, tempo, entro num acordo contigo...

16.7.11

sobre a vida

a vida parece uma longa folha em branco à espera de letras que ocupem espaço. cada letra é como uma pessoa. cada frase é como uma relação. cada corretivo passado é como um aprendizado. cada revisão é como uma lembrança. cada novo parágrafo é como uma esperança.

11.7.11

astronauta da saudade

no espaço vazio da solidão
o astronauta da saudade tenta não lembrar
das noites que pareciam eternas,
dos beijos que pareciam promessas,
dos planos que pareciam sem fim.
vai, astronauta, aprende
não adianta sonhar
amor não vive nas nuvens
amor se pisa no chão
que é pra não morrer de ilusão

mais aqui.