29.9.09

vou morar lá em vênus
vou fazer uma casa pra mim
vou comprar um lugar bem bonito
vou encher de flor no jardim

vou deixar a porta encostada
e se você quiser, pode abrir
meu coração tá pedindo baixinho:
"por favor, não se perca de mim"


♦ ♣ ♥ ♠

26.9.09

a noite caiu e esfriou
ficou tão fria quanto o nosso amor
foi duro acordar e ver que você não estava mais lá.

lembro de quando você dizia
"garota, eu sou o seu guia"
e vida inteira se abria.

lembro do cheiro do seu travesseiro
e de como você cantava pra eu dormir
lembro do seu corpo inteiro
e de você me fazendo sorrir.

foi duro acordar e saber que nunca mais vou poder te ninar.

24.9.09


mais vale o que se é.

20.9.09

apatia esta que deveria se transformar em empatia
que é o que nos basta.
que é o que nos falta.

17.9.09

as paredes do seu quarto eram todas pintadas com versos dos beatles por todas as partes. seu cabelo mudava de cor todos os meses. suas novas amizades não duravam mais de uma semana. e por mais que ela gritasse aos quatro ventos que "eu prefiro assim!", ela sabia que essa pose de adolescente rebelde não era mais tão bacana. as meninas da sua idade saiam pra dançar e beber ou paquerar algum carinha legal, enquanto ela ficava em casa se perguntando se não há algum lugar do caralho por perto. quem sabe. camila pintava camisetas e ouvia rock. falava francês e alguma coisa de inglês. tinha 17 anos e uma cabeça cheia de sonhos e planos que lhe rendiam um papo de 20 e poucos. era, definitivamente, uma menina interessante. e sabia disso. mas não conseguia acreditar em ninguém. embora quisesse muito. com certeza haveria um lugar do caralho que lhe agradaria, com pessoas do caralho e um som da porra.
(2-4)

13.9.09

camila achava que a vida era, por vezes, tão cruel e absurda. "essas pessoas falando alto demais, bebendo demais, fumando demais, rindo demais. eu não consigo." achava tudo tão superficial. viveu sozinha quase a sua vida inteira. não tinha nenhum amigo, pois não conseguia confiar nas pessoas. gostava de seus pais, eram coroas legais. mas não conseguiriam entender seu sufoco. não tinha namorado. havia desacreditado do amor há tanto tempo que nem se lembrava da última vez que se apaixonou. sua memória só conseguia captar sua solidão.
(1-4)

6.9.09

a convivência é, sem dúvida, um exercício árduo. essa situação de bando é uma forçação de barra da herança primitiva do Homem. o Homem de hoje vive em sociedade por obrigação. vai ao trabalho rezando pela hora de retornar para casa e se enfiar na cama. agrupa-se, mais por medo que por prazer. se tivesse mais pêlos, como os ursos, talvez fosse capaz de andar mais solitário. é o frio que une as pessoas. o frio metafísico que gela os ossos e as almas. o Homem receia solidão, sente-se desprotegido, precisa de alguém para alimentá-lo quer que lhe mastiguem a comida. quer a comida em forma de papa.


.vergonha dos pés.