relendo um antigo poema da adélia prado, lembrei de como é bonito amar por amar e somente amar.
"há mulheres que dizem:
meu marido, se quiser pescar, pesque
mas que limpe os peixes
eu, não! a qualquer hora da noite me levanto
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar
é tão bom, só a gente sozinhos na cozinha
de vez em quando os cotovelos se esbarram
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão
o silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo
por fim, os peixes na travessa
vamos dormir
coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva"
tem dessas coisas.
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