3.2.10

frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. para que o protejam, para que sintam falta. tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. bali, madagascar, sumatra. escreverá: penso em você. deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.

ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.

tô exausto de construir e demolir fantasias. não quero me encantar com ninguém.

essa morte constante das coisas é o que mais dói.

como um filtro, um filtro seletivo, vão ficando apenas as coisas e as pessoas que realmente contam.

gosto de pessoas doces, gosto de situações claras. e por tudo isso, ando cada vez mais só.

a partir de então, tudo ficou ainda mais complicado. e mais real.

fim de tarde. dia banal, terça, quarta-feira. eu estava me sentindo muito triste. você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, até mesmo um pouco (ou muito) chato. mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, deus dará. essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. resolvi andar.

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é, caio fernando abreu. tem como não concordar com você?

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