relendo um antigo poema da adélia prado, lembrei de como é bonito amar por amar e somente amar.
"há mulheres que dizem:
meu marido, se quiser pescar, pesque
mas que limpe os peixes
eu, não! a qualquer hora da noite me levanto
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar
é tão bom, só a gente sozinhos na cozinha
de vez em quando os cotovelos se esbarram
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão
o silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo
por fim, os peixes na travessa
vamos dormir
coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva"
tem dessas coisas.
30.8.10
26.8.10
24.8.10
rua do encontro
naquela rua tinha um moço
naquele moço tinha um rio
naquele rio tinha um barquinho
e no barquinho, solidão
na solidão tinha uma moça
naquela moça, esperança
na esperança tinha sonhos
naqueles sonhos tinha vida
naquela vida tinha uma rua
naquela rua tinha um moço
naquele moço tinha um rio
naquele rio tinha um barquinho
e no barquinho, solidão
na solidão tinha uma moça
naquela moça, esperança
na esperança tinha sonhos
naqueles sonhos tinha vida
naquela vida tinha uma rua
naquela rua tinha um moço
23.8.10
sim
não mais ansiedade pré-chegada
não mais saudade pós-partida
não mais amores de fim de tarde
não mais abraços de fim de noite
não mais caminhadas cantadas
não mais silenciosos afagos
não mais mesa de bar
não mais quarto e sala
não mais risadas de olhos tão fechados
não mais choro de ouvidos tão abertos
não mais eu, não mais tu
não mais nós
não, mas vai ser melhor.
não mais saudade pós-partida
não mais amores de fim de tarde
não mais abraços de fim de noite
não mais caminhadas cantadas
não mais silenciosos afagos
não mais mesa de bar
não mais quarto e sala
não mais risadas de olhos tão fechados
não mais choro de ouvidos tão abertos
não mais eu, não mais tu
não mais nós
não, mas vai ser melhor.
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