pois é...

Pois é, não deu
Deixa assim como está: sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
avisa que é de se entregar o viver

(los brothers hermanos)

essencial é mesmo a gente

deus existe nos pequenos instantes como esses

onde a dúvida de todas as perguntas sem respostas

é sempre menor do que a nossa essência - que está sempre certa

canção que traz de volta

faz quase uma noite que tento te esquecer

pensei em te escrever, pensei em te apagar

escrevi e apaguei quantas vezes foi possível

imaginei qualquer coisa que não levasse o teu nome

que não tivesse o teu cheiro e o teu toque

qualquer coisa amarga ou triste, diferente de você

e faz quase uma noite que não consigo

porque sempre que estou indo embora

você me invade e me retorna

e já é hora de dormir

ver você dormindo é tão lindo...

canto ao agora

quem dera a nossa farsa desmanchada

um novo rio, uma nova estrada

nossa vida renascer

quem dera a madrugada renovada

mil abraços na entrada

e na saída eu e você

se vai um dia lembrar

de tudo que vivemos

não esqueça de mandar

um bilhete para mim

se vai um dia querer

relembrar qualquer momento

não insista em um lamento

corra logo pra me ver

meu amor, estou à espera

dos seus beijos, primavera

deixo acesa sempre a luz da cabeceira

meu amor, não tenha hora

pode vir ou ir embora

todo o tempo que quiser

recordação

eu ainda o via:

no meu quarto

nesta sala

num bom dia

na bermuda derramada sobre a cama

na vitrola

e na canção que ainda me chama

nos meus pés, entre os meus braços

nos abraços

e nos sorrisos quase gastos - sem ter a quem dedicar

em meu peito

se ainda é cedo, me diz

porque meu coração adormece

e lá fora o silêncio canta

já não temos quase tempo

pois já nos perdemos nas horas

e nos desmanchamos ao vento

mas se ainda é cedo, me diz

porque meu coração descansa

e aqui dentro o amor levanta

fazendo morada pra nós dois

saudade

saudade é uma coisa que dá e não passa. é diferente da vontade, que a gente acaba esquecendo. saudade não se esquece, mas se aconchega. é como mudar de casa e se acostumar com a nova disposição dos móveis - sempre tem um cantinho que faz valer a pena. talvez seja preciso conviver pra sempre com ela, acho que assim a vida faz mais sentido. ou não teria graça alguma viver um ciclo e apagá-lo, quando ele chega ao fim. eu aprendi a puxar uma cadeira pra saudade e deixar ela sentar ao meu lado e me contar umas boas histórias. às vezes eu queria revivê-las, às vezes não. mas essa não é a questão. a questão é que saudade sempre fica - e a gente continua.

outubro,

faça de mim o que quiser.